Em uma entrevista à CNN na quinta-feira, a vice-presidente Harris disse que não proibiria o fracking se fosse eleita presidente, uma reversão de sua posição durante sua primeira corrida presidencial.
A candidata democrata tentou explicar por que sua posição mudou de contra o fracking para a favor.
“O que vi é que podemos crescer e podemos aumentar uma economia de energia limpa sem proibir o fracking”, disse ela a Dana Bash, da CNN.
Quando concorreu pela primeira vez à presidência em 2019, Harris disse que era firmemente a favor da proibição do fracking — uma posição que ela abandonou mais tarde quando se juntou à campanha do presidente Biden como sua companheira de chapa, para ficar do lado de sua oposição a tal proibição. Apesar das iniciativas abrangentes do governo Biden para lidar com as mudanças climáticas, o presidente também supervisionou o maior boom do petróleo que os EUA — ou o mundo — já experimentaram.
Já faz anos que o assunto não recebe tanta atenção nacional. Antes desta semana, a última vez que o Google viu um interesse maior de busca por “fracking” foi em outubro de 2020, um mês antes da última eleição presidencial. Quanto à chapa republicana, espera-se que o ex-presidente Donald Trump tente convencer os eleitores do contrário — que, diferentemente dele, Harris quer acabar com o fracking.
É uma questão particularmente importante para os eleitores da Pensilvânia, um estado decisivo onde a indústria de fracking impulsionou o crescimento industrial e econômico nas partes oeste e norte do estado.
Se você precisa de uma atualização, aqui está uma rápida visão geral sobre fracking.
O que é fracking?
Fracking — abreviação de fraturamento hidráulico — é o processo de extração de gás ou petróleo no subsolo profundo usando uma mistura de alta pressão de água, areia e produtos químicos para quebrar rochas.
O fracking permitiu que empresas de petróleo e gás explorassem vastos reservatórios de energia que antes pareciam impossíveis de desenvolver.
Por que isso é controverso?
Os que são a favor destacam suas vantagens: o boom do fracking reduziu o preço do petróleo e do gás em todo o mundo, cortou a dependência dos EUA da produção estrangeira de petróleo e trouxe novos empregos para revitalizar as economias. Também ajudou os EUA a se afastarem da produção de carvão para usinas de energia e se voltarem para o gás natural.
A técnica de perfuração, no entanto, não resolveu a dependência do país de combustíveis fósseis, que contribuem para as mudanças climáticas.
O fracking também traz à tona preocupações sobre a qualidade do ar e da água. Perfurar e transportar gás pode levar ao vazamento de metano, um potente gás de efeito estufa que aquece o planeta mais rápido do que o dióxido de carbono.
Por anos, pesquisas têm mostrado que o fracking esgota os níveis de água, produz poluição tóxica do ar e gera ruído em comunidades próximas. Também tem sido associado à contaminação da água potável e terremotos.
O fraturamento hidráulico em si pode desencadear pequenas atividades sísmicas — e o despejo subterrâneo de águas residuais usadas no processo causou terremotos maiores e destrutivos, de acordo com o Serviço Geológico dos EUA.
Quanto fracking está acontecendo nos EUA?
Na última década, a produção de fracking por volume quadruplicou nos EUA e, no geral, não mostra sinais de desaceleração. No ano passado, a produção média diária de petróleo do país foi de 12,9 milhões de barris — um recorde, de acordo com a Energy Information Administration. Quase dois terços dessa produção de petróleo foram capturados pelo fracking, também um recorde (8,4 milhões de barris por dia). Também em 2023, a produção de gás natural do fracking foi um recorde de 81,5 bilhões de pés cúbicos por dia.
Uma grande parte desse fracking está acontecendo na região conhecida como Permiano, no oeste do Texas e no leste do Novo México, que abriga mais plataformas ativas do que todos os outros 48 estados juntos.