Os preços do café estão mais altos do que nunca. Aqui está o que isso significa para sua xícara

Brian Phillips recebe mensagens de texto de produtores de café no Brasil quase todos os dias. Eles lhe enviam fotos de pluviômetros mostrando alguma – ou nenhuma – água. Eles relatam que os cafeeiros floresceram e depois não produziram frutos.

“Meu amigo Sergio me mandou uma mensagem e disse: ‘Ei, quando você tiver tempo para uma ligação, precisamos conversar sobre o próximo ano’”, disse Phillips, que fornece grãos para a Anthem Coffee Imports em Kansas City, Missouri. Há preocupações definidas.”

Isso ocorre porque a colheita de café do Brasil está diminuindo – em até um quarto, de acordo com um dos principais comerciantes de café.

O Brasil é de longe o maior produtor do grão de café mais popular do mundo, chamado arábica. Ele vai para a maioria dos cafés moídos ou torrados. Os agricultores do Brasil enfrentaram este ano uma das piores secas já registradas.

“Eventualmente começou a chover… mas eles determinaram que grande parte dos danos da seca eram irreversíveis”, disse o importador de longa data John Cossette, da Royal Coffee, na Califórnia. “E isso afetará significativamente a safra do próximo ano.”

Os problemas do Brasil seguiram-se a uma onda anterior de notícias alarmantes sobre o café.

O Vietnã é o maior produtor do segundo grão mais popular, chamado robusta, que é frequentemente usado em café instantâneo. Os produtores no Vietname também enfrentaram uma seca severa seguida de chuvas mais fortes do que o normal. Cientistas dizem que mudanças climáticas está mudando os padrões climáticos nessas regiões produtoras de café.

No ano passado, o custo do arábica aumentou cerca de 70%, enquanto o robusta dobrou de preço. Na semana passada, os preços do arábica no mercado futuro superaram o recorde anterior de 1977, de US$ 3,35 por libra-peso. Não é tudo porque a indústria precisa do feijão; os especuladores financeiros também têm lucrado com o caos.

A situação faz com que muitos torrefadores e pequenos proprietários de cafeterias norte-americanas avaliem se ou quando aumentar seus próprios preços sem assustar os clientes. Para muitos cafés, o preço dos grãos crus faz parte de uma longa lista de despesas que alimentam o preço total de uma chávena de café, incluindo salários dos trabalhadores, custos de envio e serviços públicos.

Entretanto, as principais marcas de supermercados – incluindo Folgers, Maxwell House e Nescafé – já aumentaram os preços.

As empresas, em teleconferências com investidores, dizem que os compradores parecem implacáveis. A controladora da Folgers, JM Smucker, disse que aumentou os preços duas vezes, em junho e outubro, e em novembro relataram que as vendas de café ainda estavam crescendo em 3%.

“As pessoas esquecem que o café é uma droga, uma droga legal”, disse Phillips, rindo. “O consumo de café não está diminuindo de forma alguma.”

Na verdade, as cafeterias estão se espalhando por países onde as pessoas não gostavam de café gourmet. A China é um mercado enorme. Mas o mesmo acontece com os próprios países que produzem café – como o Brasil, a Indonésia e o Vietname.

“Eles estão bebendo muito mais café e bebendo o próprio café que cultivam”, disse Cossette. “Portanto, haverá menos café disponível para exportação e isso também o tornará mais caro.”

Ele e Phillips têm uma visão de longo prazo, observando que, pelos padrões históricos – quando ajustados pela inflação – os custos do café cru estão longe do recorde. Ambos acham que os preços futuros voltarão a cair, pelo menos um pouco. Mas no geral, o mercado tem mudado.

“Para mim, os dias do café barato acabaram para sempre”, diz Cossette.

Pelo menos o café é cultivado em muitas partes diferentes do mundo, permitindo que a Phillips e outros importadores ofereçam aos seus clientes alternativas aos grãos brasileiros: por exemplo, grãos de Honduras, México ou Peru. Historicamente, essas opções poderiam ter sido mais caras, mas não depois da seca no Brasil.

Isto é diferente do cacau, cuja maior parte é cultivada em apenas dois países da África Ocidental, o Gana e a Costa do Marfim. Clima volátil lá no ano passado ainda tem os preços do cacau em alta um aumento recorde até hoje.